Era uma vez um ursinho muito solitário. Sempre que ele escolhia uma flor para colher, a flor não o permitia tocá-la. Quando a flor permitia, ele descobriu ter medo de seus espinhos. Assim, ele nunca conseguiu enfeitar sua casa.
Foi quando ele conheceu uma gatinha muito dengosa, que adorava passear no bosque e sorrir para as árvores.
A gatinha encantou-se com o quão felpudo era o ursinho, e por mais surrado que sua pelagem fosse, a gatinha não se importava: o brilho desesperançoso de seus olhos era mais atrativo, e talvez só uma gatinha tão aflita por dentro fosse capaz de perceber as maravilhas que existem num olhar vazio.
Mas o ursinho sentia muito medo. Medo que a gatinha tivesse espinhos, e que pudesse não aceitar seus afagos.
A gatinha, cujos antigos donos a expulsaram de casa, receava ser mal recebida por seu novo amigo e por medo do ursinho expulsá-la de seu coração, e não aceitava mostrar-se receptiva para os animaizinhos da floresta.
A Dona Joaninha, incapaz de auxiliar a nova moradora da clareira, ainda dizia que um urso daquele tamanho e com as patas tão brutas nunca seria capaz de afagar um animal tão pequeno e tão delicado, bem como insistia que a gata passaria pulgas para o pobre urso, já tão sofrido.
A gatinha queria ser afagada.
O ursinho queria um novo bibelô para enfeitar sua casa enquanto hibernava.
E a história seguiu.
Perpetuou-se na floresta.
A gatinha nunca se sentiu em casa. Afinal, ela não estava em casa.
O urso não conseguiu encontrar nada que enfeitasse sua casa, e suas hibernadas foram fúteis e vazias.
Temerosa, a gatinha buscou asilo no chiqueiro de seu amigo porco. O próprio urso ia muito lá.
A relação era separada por montes de feno e esterco.
O porco aprendia muito com o urso, como desenvolver sua mente e como catar colméias. A gatinha o ensinava a ser mais dócil e educado.
O porco desenvolvia-se, mas seus amigos estavam fadados a uma história de medos e fragilidade.
Dona Joaninha opunha-se a tão bizarro casal, e o próprio casal não era um casal: eram apenas dois bichinhos roliços que deixavam seus olhares melancólicos cruzarem-se até formar um lindo arco-íris.
O céu não aceitava esse arco-íris.
O brilho dos olhos não era radiante.
Não era feliz.
Talvez nunca tornar-se-ia: o pelo do urso era capaz de machucar a ele mesmo, ele temia maltratar a pobre gatinha.
A gatinha temia por suas unhas grandes e seus sonhos perturbados durante a noite.
Nem a gatinha, nem o ursinho sabiam a verdade:
Os medos do ursinho eram apenas o espinho da florzinha, que o marcou e nunca foi tirado. Talvez, se ele afagasse a pobre gatinha, o espinho retiraria-se sozinho.
A gatinha, que temia tanto a rejeição, na verdade temia igualmente tornar-se um bibelô, e nunca conseguiria se sentir plena diante de qualquer das opções que ele parecia dispor. Por mais mimosa que ela seja, é uma insatisfeita nata, e o ursinho ainda não foi capaz de domá-la, por mais que ela saiba, no fundo, que só ele é capaz.
Essa história é redundante. O final é inexistente.
Acabou?
Não sei ainda.
Espero que não.
Foi quando ele conheceu uma gatinha muito dengosa, que adorava passear no bosque e sorrir para as árvores.
A gatinha encantou-se com o quão felpudo era o ursinho, e por mais surrado que sua pelagem fosse, a gatinha não se importava: o brilho desesperançoso de seus olhos era mais atrativo, e talvez só uma gatinha tão aflita por dentro fosse capaz de perceber as maravilhas que existem num olhar vazio.
Mas o ursinho sentia muito medo. Medo que a gatinha tivesse espinhos, e que pudesse não aceitar seus afagos.
A gatinha, cujos antigos donos a expulsaram de casa, receava ser mal recebida por seu novo amigo e por medo do ursinho expulsá-la de seu coração, e não aceitava mostrar-se receptiva para os animaizinhos da floresta.
A Dona Joaninha, incapaz de auxiliar a nova moradora da clareira, ainda dizia que um urso daquele tamanho e com as patas tão brutas nunca seria capaz de afagar um animal tão pequeno e tão delicado, bem como insistia que a gata passaria pulgas para o pobre urso, já tão sofrido.
A gatinha queria ser afagada.
O ursinho queria um novo bibelô para enfeitar sua casa enquanto hibernava.
E a história seguiu.
Perpetuou-se na floresta.
A gatinha nunca se sentiu em casa. Afinal, ela não estava em casa.
O urso não conseguiu encontrar nada que enfeitasse sua casa, e suas hibernadas foram fúteis e vazias.
Temerosa, a gatinha buscou asilo no chiqueiro de seu amigo porco. O próprio urso ia muito lá.
A relação era separada por montes de feno e esterco.
O porco aprendia muito com o urso, como desenvolver sua mente e como catar colméias. A gatinha o ensinava a ser mais dócil e educado.
O porco desenvolvia-se, mas seus amigos estavam fadados a uma história de medos e fragilidade.
Dona Joaninha opunha-se a tão bizarro casal, e o próprio casal não era um casal: eram apenas dois bichinhos roliços que deixavam seus olhares melancólicos cruzarem-se até formar um lindo arco-íris.
O céu não aceitava esse arco-íris.
O brilho dos olhos não era radiante.
Não era feliz.
Talvez nunca tornar-se-ia: o pelo do urso era capaz de machucar a ele mesmo, ele temia maltratar a pobre gatinha.
A gatinha temia por suas unhas grandes e seus sonhos perturbados durante a noite.
Nem a gatinha, nem o ursinho sabiam a verdade:
Os medos do ursinho eram apenas o espinho da florzinha, que o marcou e nunca foi tirado. Talvez, se ele afagasse a pobre gatinha, o espinho retiraria-se sozinho.
A gatinha, que temia tanto a rejeição, na verdade temia igualmente tornar-se um bibelô, e nunca conseguiria se sentir plena diante de qualquer das opções que ele parecia dispor. Por mais mimosa que ela seja, é uma insatisfeita nata, e o ursinho ainda não foi capaz de domá-la, por mais que ela saiba, no fundo, que só ele é capaz.
Essa história é redundante. O final é inexistente.
Acabou?
Não sei ainda.
Espero que não.